Monday, April 06, 2009

Hoje agarrei num livro, e , pensando na vida como um friso de tempo segurei na minha mão uma resma de páginas que simbolicamente se numeravam de 1 a 95. Pensei que talvez vivesse até aos 95, e então, marcando a página 19, percebi que a resma que ficou para lá do passado é bem maior.

Se nas costas brancas do mundo
Cai a noite em finos filamentos cósmicos de penumbra
Para lá do monte folheado, restam ainda domínios crepusculares por desvendar
Para lá dos ombros da sorte, mumificam-se as vontades tão bem descritas e legadas
Por um destino texturizado que decalcando o virgem lacre da sorte
Se escreve por entre as portas decifradas de um futuro

E para lá dos portos seguros e sinceros
Tocam os sinos em forma de presságio
As ondas emanadas livremente vibrantes
Revogando o grito, que em negro desespero apregoa os estilhaços dilacerantes de um passo ao lado

De hábito em punho, caminho, na cera da vela pulsante
Que raspando achas de luminosidade pálida
Investiu insana na parede viscerosa

E num tumulto abafado de chuvas imperiais
Cresceu um cisco bafejado pelas tendências levianas de uma vontade impropria
Pairou e foi, até que sentado na noite
Escreveu

4 comments:

Eugénio said...

Ena pah! Está fantástico, que poder nas descrições! Eu próprio sou escritor e nunca faria nada assim! Irra

AR said...

Gostei muito! Especialmente do primeiro parágrafo, que saiu tão puro, natural e singelo.
:)
Bjnho granddd***

Batom e poesias said...

Bom demais!
Como sempre.
beijos
Rossana

Pulga said...

Pensemos simplesmente no peso que a folha marcada terá.. Como deve ser dificil mudá-las.. Não se começa uma nova página sem carregar o peso d'a resma que ficou para lá do passado'
Simplesmente adorei este!!
:D

Espero continuar como uma marca [nem que seja d'água!] nessas páginas volumosas!

bjO tonto*

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