Saturday, March 29, 2008

Estrada

Paris, como já havia sido dito, parece ser o destino, ou pelo menos um local de paragem obrigatória.
A viagem faz-se leve e contente, num instantâneo tele-porte para os anos 60...
Eu guio, de sorriso estampado na face....
Tu, sentas-te, uma perna sobre a outra, na pose mais descontraia do mundo... pés descalços...
Óculos escuros reflectindo a paisagem.. e o sol, que se põe ao longe...
A musica é tua... e a palavra é esta: "curtimos" o momento ...
A viagem... o planalto sem fim...
Para trás fica tudo o que já não importa, tudo o que sobrou...
Resta a estrada que se estende, sem termo
O vento entra forte e quente, é fim de tarde, é Verão...

Sunday, March 23, 2008

Cor ?

Desta vez não é a fingir...
Desta vez estou mesmo mal
As hostes agitam-se para a derradeira batalha
Travada com lágrimas e flores

A morte adivinha-se e o céu escurece
Levanta-se o pó do tempo...
Exumam-se as lembranças
É tempo de queimar tudo...

E eu sei, que até que a ultima brasa se extinga
Será impossível renascer...
Resta esperar...
Será que o sol fará despontar de novo vida?
Será... que o revolver da terra trará o necessário...

Não sei, e lamento-o com toda a força do mundo
Vão-se rindo, de tão lamentável duvida...
Qualquer que seja a resposta, esta...
Será mais favorável para mim

E hoje, nega-se o beijo, cerram-se os lábios...
E treme a pele arrepiada, pela água gélida que cai como punhais
E leva o que resta, de tudo o que já foi um dia, Cor.


Açoteias, Março de 2008

17:17
19/3/2008

Sunday, March 09, 2008

Incompleta

Parte-me o coração. Rouba-me a alma. Leva-me a vontade de viver. Cega-me com o teu amor. Ensurdece-me com os teus gritos de loucura. Tira-me o gosto dos meus lábios com os teus beijos. Faz-me perder os sentidos. Ameaça-me com a tua partida. Assombra-me com medos e desconfianças. Tira-me a minha essência. Priva-me da minha liberdade. Impede-me de pensar. Semeia em mim a paranóia. Conduz-me à insanidade. Apaga a minha presença. Impossibilita-me de ver para além de ti. Transforma-te na minha vida. Não me deixes sentir o teu cheiro. Não te aproximes só para não sentir o toque do teu corpo. Prolonga os teus momentos de ausência. Enche-me de insegurança. Leva-me a ter que chocar contra as coisas só para sentir.
Convence-me de que és a única razão pela qual eu sou alguma coisa. Sustém a respiração para sentir que te perdi. Faz-me experimentar a impotência de escolha. Afoga-me em mágoa. Fecha-me na minha insignificância. Põe-me à b
eira de um abismo para saber o que é não ter ninguém para me salvar. Não me deixes cair sem te ter por perto para me apanhar. Deixa-me à espera de um sinal teu. Ignora os meus sentimentos. Não te importes com os meus choros. Traí-me com o que eu não posso ser. Atira-me à cara o que não te posso dar. Abandona-me estendida no chão a pedir a tua ajuda.
Mata-me por dentro, porque só assim serás capaz de ver que mais nada resta em mim para tu tirares. Já não te posso beijar, olhar, tocar, sentir e amar. Talvez assim, depois de tanto mal que me fizeste, sentirás que te faço falta comp
leta, respeitada e não assim, nua de sentimentos e despida de sentidos.


Texto: Inês Horta

Foto: Minha

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