Thursday, February 25, 2010

Paris

Um ceptro popular no dorso de uma terra
Um afluente humano de veias viçosas
Um leito fino, imponente
Um verso próprio diferente
São as muralhas dos Deuses
E as tertúlias da carne a seus pés
Os púlpitos divinos e seu revés
As casas compostas de varandins, ensaiadas
As figuras depostas de seu trono aladas
E a força de uma pirâmide que guarda a plenitude
Da façanha à extravagancia, da desgraça e da virtude
São as linhas confusas alicerçadas com vaidade
Que servem de estaca, dorso e alma aos humores desta cidade


Paris, 21 de Fevereiro de 2010

Wednesday, February 03, 2010

Nunca é tarde para se Ter uma Infância Feliz

A gente já não sabe o que há-de fazer com a lua
gerou-se um curto-circuito no canal telepático
e a caverna clandestina por detrás da cascata
onde os amantes se entregavam à eternidade
hoje não passa dum moderno armazém de sucata

Existem mil produtos para encher o vazio
criámos computadores para ampliar a memória
e todos nós temos disfarces para aumentar a confusão
só não sabemos como fazer o amor durar
o grande enigma continua a dar-nos cabo do coração

"Olá, a que horas parte o teu comboio?
O meu é às cinco e trinta e três
Aida falta um bocado,

queres contar-me a tua história?
Espera, deixa-me adivinhar,
vais recomeçar noutro lado...
Trazes escrito na bagagem
que a coisa aqui não deu...
Quanto a mim, também me sinto um pouco
desenraizado...

Também o amor se adapta às leis da economia
investe-se a curto prazo e reduz-se a energia
e quando o barco vai ao fundo ninguèm quer ser culpado
mas nunca é tarde para se ter uma infância feliz
o cavaleiro solitário ainda sonha acordado
AIÔ - AIÔ - AAAAAHHH!

Jorge Palma - 1985

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