Thursday, December 28, 2006

Aqui fica este planar...

Para ele que se perde em sentimentos
Para ele que preza a vontade
Para ele de quem pouco se conhece
Aqui fica este planar.

Com as asas que lhe deram, sentiu a brisa
E de um só movimento se fizeram asas ao vento
Planando sobre vielas e ruelas, aparentemente tão normais
O olhar atendo discerniu que luz havia a mais

Não só uma mas várias, manchavam a cidade
Ali do alto tudo o quanto se avistava era utopicamente real
De ruelas tão normais surgia magia sob a forma de cor

Nessa noite tão igual, em que o vento acariciava a sua pele como em tantas outras
Ele percebeu que a cor trazia vida,
Como a que a primavera dá às flores
E por cada olhar daquele planar que mais não foi do que uma brisa

Se construiu no seu coração a imagem do que ele via
E afinal o que se cria ser uma utopia
Era então não mais do que Natal.


26/12/2006
2:58

Thursday, November 30, 2006

Pende...


Marcava a areia com firmes passos
Pela eternidade calcorreava léguas
Os seus pés comiam o deserto a cada pisar
Silhuetas cada vez maiores ficavam para trás

O pesar do tempo cavava cada vez mais fundo
Cada passo, cada marca, cada gota de suor,
Ele seguia o seu caminho, como quem segue o destino
Sem rota traçada, seguia as marcas que ele próprio deixara

Nesta ínfima volta da vida
Ele, outrora novo agora repete por rotina os mesmos passos
A cada um se afunda num abismo
Sombra cortada a metade, sombra invisível

A cada dia que passa aquele eloquente jovem
Percorre os passos do louco velho
Misturando os anos com a areia
A cada passo ele caminha para o derradeiro passo letal

O tal passo que o levará a planar
Sobre o areal que outrora engoliu o seu pisar.

22:42 3/9/06

Representativo da foto anterior não? Nem me lembrei...

Friday, November 17, 2006



Essência

Alguns momentos lembram o quão efémero é o ar que respiramos

Cruzamo-nos com quem está longe da essência

Em cada esquina, cada conversa, cada memória, encontramos o vão

É sempre nesse vão, em que habitam os desprovidos

Nesse vão que nos lembra que mais do que tudo

Somos tristemente mortais

Presos a leis da física e "troca o passo"

Somos marionetas da vida presas num imenso emaranhado de cordas

O movimento de uns, é impingido a outros tantos

Um simples ai, é um coro geral...

Obrigados à convivência, obrigados a pertencer uns ao outros.

Passo a passo, movimento a movimento, encontraremos a combinação perfeita

E aí, libertos da encruzilhada de fios

Esquecemos as condições, as razões os "senões" e os porquês,

Inertes, intocáveis

Das cordas restaram asas!

E o limite será a essência...


Isto só surgiu por causa de um "quase assalto" ... Estranho!

Tuesday, October 24, 2006

Texturas

Vamos imaginar. . .

A expectativa é incrível e também incrivelmente humana.

Nos tempos que correm querer uma coisa é fantástico, ainda mais quando essa coisa é especial, e a idealizamos para nós para pertencer ao nosso espaço.

É fantástico como imaginamos tudo, como pensamos e até sonhamos, somos dotados de imaginar e isso é fascinante.

A imaginação é realmente uma coisa incrivelmente complexa. Arrisco até a defini-la como outra dimensão, em que nós construímos tudo aquilo que queremos, em que nós acedemos aos nossos maiores desejos sem hesitar.

Sem medo, mergulhamos nesse outro lado, que traz os nossos desejos à realidade, aí sim, aí sim... o impossível se torna possível, o necessário prescindível, o que é feio lindo, tudo se transforma em volta do nosso sonho.

Ao descrevê-la desta maneira acedo ao meu pensamento, e até à minha imaginação, fantástico como somos complexos e profundos. Somos aquilo que queremos mesmo sendo aquilo que somos. Mas quando pensamos naquilo que somos, a imaginação torna-se frustração, mantém o sufixo e cai a imagem. Bela imaginação a minha que passa a própria imaginação a nada em menos de um parágrafo.

Coisa que é tão boa de repente tão má ... resta-nos imaginá-la boa, para que continuemos a poder navegar por ela, descortinando os nossos mais profundos desejos, prescindindo do necessário, tornando o impossível, possível, e criando uma imagem de nós próprios na nossa imaginação .

Será esta dimensão a que chamamos real apenas mais uma janela da imaginação de alguém??...

Vamos imaginar que não.

12/3/2006


Sunday, October 22, 2006

Só mais um pouco

Tira-me mais um pouco
Agita este tolo que te espera
Recorre às tuas armas
Faz-me penar

Tira-me mais um pouco
Vá tira, arranca!
Sou um louco dador
Disposto a oferecer a totalidade

Tira-me mais um pouco
Faz-me fazer de louco
Rouba-me o sorriso
Faz-me engolir a solidão de um trago

Tira-me mais um pouco
Empurra-me para o infinito
Prende-me lá
No mundo dos que esperam

Tira-me mais um pouco
Rouba-me os sonhos
Suga-me a alma
A calma há de me temer

Tira mais um pouco
A este servidor da vida
Que não hesita em dar
Vá tira...

How Many