Sunday, November 29, 2009

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A tua testa cheira a tabaco
E o meu ser está diferente

O meu mundo é mais confuso
E a culpa é sempre de pensar

Pensar faz crescer, crescer traz saber
Saber traz querer não saber, querer não saber sabendo é morrer

Isto anda incerto, meio estranho
Não há prazos nem projectos

É ver os sonhos escondidos num baú
É ver a pele envelhecer, e os olhos a desbotar

É ser o certo lembrança remota
E é um tão grande ver, da humanidade a ficar mais longe

Haverá ainda um resto de chama no teu olhar?
E em ti? Garra para meter o mundo todo debaixo do braço?

Show must go on! after all...

Thursday, November 26, 2009

Já Foi Asssim... (Escuridão Jorge Palma)

Não estou com grande disposição
P'ra outra enorme discussão
Tu dizes que agora é de vez
Fico a pensar nos porquês
Nós ambos temos opiniões
Fraquezas nos corações
As lágrimas cheias de sal
Não lavam o nosso mal

E eu só quero ver-te rir feliz
Dar cambalhotas no lençol
Mas torces o nariz e lá se vai o sol

Dizes vermelho, respondo azul
Se vou para norte, vais para sul
Mas tenho de te convencer
Que, às vezes, também posso...

Ter razão!
Também mereço ter razão
Vai por mim
Sou capaz de te mostrar a luz
E depois regressamos os dois
À escuridão

Se eu telefono, estás a falar
Ou pensas que é p'ra resmungar
Mas quando queres saber de mim
Transformas-te em querubim
Quero ir para a cama e tu queres sair
Se quero beijos, queres dormir
Se te apetece conversar
Estou numa de meditar

E tu só queres ver-me rir feliz
Dar cambalhotas no lençol
Mas torço o meu nariz e lá se vai o sol

Dizes que sou chato e rezingão
Se digo sim, tu dizes não
Como é que te vou convencer
Que, às vezes, também podes...


Ter razão!
Também mereces ter razão
Vai por mim
És capaz de me mostrar a luz
E depois regressamos os dois
À escuridão

Atenção!
Os dois podemos ter razão
Vai por mim
Há momentos em que se faz luz
E depois regressamos os dois
À escuridão

Tuesday, November 17, 2009

Uma espécie de fado...

Um simples dia e falta-me a voz
Pela noite dentro já fomos tão sós
Um após outro ao cais se encostaram
Por serem da noite por ali ficaram

Foram aos olhos que as mãos nos levaram
Em dor e em pranto estenderam seu manto
E tanto escorreu que até o rio secou
Ele chora baixinho foi quanto bastou

Meu amor, sorriso primor
Vontade prosaica mas com seu esplendor
Corre-nos no peito o odor da saudade
Sustenta teu corpo, calor, liberdade

Seguindo no tempo a idade chegou
E em palavras parcas o sangue voltou
Enchendo de vida o peito e a cidade
Pois o meu amor dura mais que idade

Meu amor, sorriso primor
Vontade prosaica mas com seu esplendor
Corre-nos no peito o odor da saudade
Sustenta teu corpo, calor, liberdade

Wednesday, November 11, 2009

Trapézio

Escrever não mata mas fere. É ser utilizador, consumidor e cliente. É ser prosa e ser verso, ser rima sendo gente. Alimenta-nos o espírito e os fantasmas também. É um escárnio constante, e uma sedução de volátil termo. É permanente, tatuado. É para sempre tão ousado.

É uma viagem fulcral. Uma víscera mental. E é sempre estranho o momento em que sem se falar, sem se dizer, se constroem sólidos sentidos.

O render das defesas articuladas em esquemáticas manhas, o cumprir das vontades das historias das façanhas.
O mentir com clareza, astucia e satisfação. O pecado mortal na dança anárquica de uma mão.

4 lados conversando - esquerdo, direito, coração e alma. Todos juntos se anulando numa produção cimeira.

É coisa prós loucos reprimidos, para os que pensam fazendo o pino. É coisa de bradar em corrupio.
E é o limiar da vida... ponto alto onde se sublimam as questões humanas, e depois aquilo que as transcende, e logo aí, passando a acarretar consigo a morte.

Fica depois o seu amo à sorte!


titulo - Jorge Palma

Monday, November 09, 2009

Primavera amanhã

Fim de tarde de Outono
As folhas cobertas de sangue deslizam mortas
Vultos sonoros bafejam de fumo os limites do céu
O globo gira em ângulo mais frio

A rapariga linda dorme sobre a cama
Enquanto o sol, esgueirando-se pelas frinchas lhe tenta aquecer o corpo
Já passaram tantos anos, e tudo continua quase sempre igual

A rama, aquilo que está mais exposto, raramente muda
O dia-a-dia desta pequena vem sendo sempre o mesmo
Tal como o meu, tal como o teu e como o seu

São rotas previamente traçadas que inspiram as horas
Os dias estão escritos algures no chão, numa folha de papel amarela
Os olhos esses parecem sempre novos, vivos, reveladores do estranho mundo para lá do corpo.

Fim de tarde de Outono
Dormimos juntos de novo
Até ser Primavera amanhã

How Many