Monday, November 09, 2009

Primavera amanhã

Fim de tarde de Outono
As folhas cobertas de sangue deslizam mortas
Vultos sonoros bafejam de fumo os limites do céu
O globo gira em ângulo mais frio

A rapariga linda dorme sobre a cama
Enquanto o sol, esgueirando-se pelas frinchas lhe tenta aquecer o corpo
Já passaram tantos anos, e tudo continua quase sempre igual

A rama, aquilo que está mais exposto, raramente muda
O dia-a-dia desta pequena vem sendo sempre o mesmo
Tal como o meu, tal como o teu e como o seu

São rotas previamente traçadas que inspiram as horas
Os dias estão escritos algures no chão, numa folha de papel amarela
Os olhos esses parecem sempre novos, vivos, reveladores do estranho mundo para lá do corpo.

Fim de tarde de Outono
Dormimos juntos de novo
Até ser Primavera amanhã

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