Quando os passos madrugam
Pela calada da noite
Levam dois motivos
De sobra em cada pé
Vão sorrateiramente evadindo-se com cuidado
Vão pé, ante pé, escapando-se do seu destino
Levam o ar torpe e a fronte descuidada
Levam um pouco brilho e a traseira deslavada
Rasteiros, foragidos, rasteirinhos
Farejam, farejam, suplicas de prazer
Rasteiros, foragidos, matreiros
Farejam, Farejam a noite que se encena
E na mesa forte e velha
Escreve um sábio de papel e pena
As velas são sua luz
O papel a sua viagem
Na cabeça um chapéu cinzento
No corpo vestes compridas
Nas mãos a destreza infindável
Acompanhada de algumas feridas
E os passos madrugados, fogem fogem da pena
E o sábio moribundo já não sabe apanha-los
Pede ajuda a seu vassalo que prontamente se rasteja
Pede ajuda a seu Deus dizendo que por eles almeja
E sem passos ficou o Sábio
Que vindo a morrer entravado
Jurou pelos seus botões que sem seus passos
Não iria, pois a mais sitio, do que a nenhum lado
2 comments:
Sem passos, só se caminha com a imaginação.
Pobre sábio.
Adorei, mas não sei como seguir-te.
Eu tb acho complicado seguir esses passos de Mago!
:)
Uma vez perguntaste-te de quem é o tema "Summertime": é de George Gershwin.
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