Passam os dias, passam as horas
E os olhos presos num ponto balançam
Aguçam a esperteza clara de quem há muito não vê o sol
Gigantes pérolas cintilantes, luzidias esperanças
Na vidraça a cara louca de uma mulher perdida
O soalho pendendo para debaixo dos armários
As portas rangendo às vontades do vento
As cortinas acenando em mostras de sua fúria
Passam os dias, passam as horas
O corpo prostrado na velha cadeira de pau preto
As formas pesadas fazendo parte da mobília
Os retratos familiares em fino fio dependurados
Pendendo seus rostos ao centro da mesa
Um rodopio que arrepio trazendo o frio de volta ao corpo
Passam os dias, passam as horas
Noite dentro, dia fora
O corpo sentado, inerte
Por fim - morto.
1 comment:
Alguém esmagado plo tempo...
É isso que vejo aqui...
E sabes o que mais me assustou, ver-me... Quando, cansada, exausta, dorida plos percalços do caminho me deito, no escuro, a perscrutar a nh'alma... a ouvir-lhe as queixas, por vezes, a pensar não ripostar, a pensar desistir...
Estou numa fase de resposta, de renascimento, de Vida, de luz, então parece-me inaceitável que este alguém fique apenas sentado e morto.
Mas não o condeno, não o julgo, pois também eu tenho telhados de vidro...
um beijO*
Borrega
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