Yeah, a little...
Friday, March 16, 2012
Rascunho
Wednesday, February 15, 2012
Lost & Found
Queremos lembrá-las, senti-las, e já não estão lá
Perderam-se na viagem,
Como uma bagagem, que ficou a rodar sem que ninguém a reclamasse.
Sentamo-nos a pensar onde foi que as deixámos
Em que desequilíbrio em que vertigem;
Remexemos os sentidos na esperança de as achar
E é sempre oco, sempre agudo o caminho do pensamento
Que volta ao princípio sem nos trazer uma resposta.
As pistas agrupam-se, mas são pistas, só vestígios
Os sinais chamam-nos a atenção, mas, são só sinais
E a lembrança roda, e a tristeza cresce e a vontade conforma-se
Servir-nos-á a resignação?
Servir-nos-á o conforto pálido?
Não sei... Acho que não.
Enquanto assim for lutaremos
Enquanto assim for viveremos
E quando deixar de ser, bem...
Logo Veremos.
Friday, November 18, 2011
Já Passou
Agarra-se ao que tem,
O sentido já não faz sentido,
De uma vontade que não cessa;
Depois se pensarmos bem, levantamo-nos
E sem olhar para trás mentimos, vamos ver o mar
Porque amanhã, isto já passou.
Tuesday, August 16, 2011
Fora de Pé
Tuesday, June 28, 2011
Anjo Branco - A Saramago, por Saramago
Thursday, May 05, 2011
Até ao Verão
Faz tanto frio. As cinzas do Outono ainda não foram varridas das muralhas de medos que fortificam a cidadela da coragem. Avanço, nu, pela estrada molhada. Gritos descalços uivam famintos, e enquanto isso, um gato amarelo rebola sobre um novelo esquecido.
Passam armaduras afiadas para a guerra, e voltamos a esconder-nos num buraco qualquer.
Se me perguntassem quem eu era, responderia que talvez nem sequer fosse, ou então simplesmente, não respondia.
Mas ali, ninguém me pergunta nada. Sou um espectador do passado. Um viajante dos sonhos, e um escravo da imaginação.
Devolvo o lenço branco da saudade. Sem que me perguntem porquê é que lhe chamo assim.
Bebo das sombras a virtude da discrição, enquanto o sol nos arrasa com a sua imponência cósmica.
Fez-se tarde para voltar, mas aparentemente, não é cedo de mais para partir.
Embrulha-se a trouxa para mais uma cruzada. Arruma-se a casa, selam-se as memórias e cumpre-se a tradição.
Abraço e até ao Verão
Tuesday, March 29, 2011
Deixei de Rezar
Abracei os cobertores,
Fechei os olhos e tentei dormir
A noite dói, e não me deixa parar de pensar
As mãos nos cabelos densos rasgam cursos nervosos
A cama rodopia ao ritmo das batidas do coração
Só me quero deixar ir, dormir
Mas este amargo de boca não me quer deixar,
Peço às paredes que me abriguem
E ao telhado que me esconda
Quero fluir daqui, p'ra repousar
A sonolenta batalha começa agora,
Hoje como sempre só quero perder
Fechar os olhos e adormecer.
Friday, January 07, 2011
Thursday, December 16, 2010
Beija-me
Enquanto os dedos mentem sem parar
Soluço e danço, esquecendo os princípios
Classifico os medos e apelido as sensações
Escorrego para os braços de uma árvore
E sorrio na solidez de uma noite bem dormida
Solto sem querer soltar
Embarco sem querer voltar
Esqueço sem sequer pensar
Não sei se estou nisto por opção
Se escorrego sempre de propósito
Duvido dos meus passos
Na certeza de um chão que não me escapa
Abraço a saudade
Sem esquecer o temor de já não a sentir
Invisto contra o meu rosto no espelho
Na esperança de agarrar o que é efémero
Solto sem querer soltar,
Embarco sem querer voltar
Esqueço sem sequer pensar.
Thursday, September 30, 2010
Laço Preto do Cabelo
Descobertas à parte, libertei-te de um passado estranho.
Estavas de luto, como se o branco se tivesse desvanecido do teu molde de princesa.
Os espaços, eram para ti simples retalhos do tempo, invadidos lenta, e, docemente pelos teus finos pés.
As sombras, memórias permanentes de um passado lacrado a sangue, empoleiravam-se vertiginosamente sobre os teus ombros, de onde pingavam, transformadas em orvalho.
No ultimo fim de tarde de Setembro, ao pé do rio, debaixo do sol e das gaivotas, abracei-te com o meu manto branco.
Soluçaste, chorando, no ultimo som, de que de ti tenho memória.
Vazio ficou o manto, restando apenas no chão, perdido e triste, o teu imaculado, laço preto do cabelo.
Wednesday, August 18, 2010
Se calhar não
Voltando às actuais séries de vampiros, porque raio é que os vampiros são sempre estudantes do secundário ou então pseudo-russos com casacos compridos. Não estariam eles bem numa casa assombrada no meio dum bosque qualquer? Não! Têm de ser alunos do secundário. Devia haver uma série de vampiros em que eles se encolhessem com um qualquer nanominimizadorvampiríco para se infiltrarem num infantário. Tinha potecial. Não tinha? - se calhar não.
Friday, August 13, 2010
Estranho... como eu
Nos sussurros gelados que estalaram os medos siameses,
Descrevi um traço na confusão
Enquanto com a outra mão escondia a paisagem
Não desisto da invenção daquele estado feliz
Nem das provações que nos levam à vitória
Muito embora, porém, devê-se esconder as etapas
A astucia vencendo a queda
Numa atitude sábia
Afinal porque te amarram as cordas e os braços se entrelaçam nas pernas?
Não sei, ninguém sabe....
(olha, isto está sem jeito nenhum, e não vejo um fim decente para figurar aqui, está o que está.. e está estranho - como eu)
Sunday, July 25, 2010
Longe de mim
Não sei de cor as cores do teu cabelo,
Anseio quente, inquieto, o tom da tua voz
Pressinto o dia em que o teu calor se fará meu, no meu peito
Vejo-te ao sol, com paz
Em casa, sentada no chão de madeira, fazendo parte de mim
O teu cheiro nos livros e nos roupeiros
A tua luz livrando o ruim das ruínas
Como se um sopro varresse todas as poeiras do tempo
Um sonho real em que durmo nos teus braços
Longe do tempo, longe de mim.
Monday, July 12, 2010
Era dia de olhar para dentro
Os cães cheiravam-se. A panela negra já fervia na fogueira com o almoço dos homens.
A pureza rosada da terra desvanecia-se nas faces rosadas de uma jovem. Espartilho cintado até aos seios que apertados se escondiam prestes a explodir.
À noite o Rei mata-se. O seu corpo repousa enforcado sobre o seu tapete vermelho que se enrola até quase lhe tocar nos pés.
Era dia de olhar para dentro. O dentro era fora.
Tuesday, June 22, 2010
Mariana
Justiça e singularidade
Doçura e amizade
Inteligência e perspicuidade
Acrescenta-se o sorriso, que é tão bem dado
As bochechas em cada lado
As orelhas como adereço
E os olhos com muito apreço
Espalha-se em tudo um castanho de mulher
E outros mais tons se se puder
Amolga-se com carinho e com virtude
Pois na beleza não se quer quietude
De sardas polvilha-se o resto, como se de fina canela se tratasse
Vai ao forno dos amigos, e isto tudo sem que se amasse
Depois quer-se bem quentinha p'ra ao convívio se poder dar
Saiu tão bela e formosinha
Quem não quererá trincar?
Sunday, May 30, 2010
Acaba Tu
Cospem fogo pela madrugada
A vida comprida vê-se finita
Na ponta de um cigarro
Os pés, encruzilhadas de pulsações
Revestem de simplicidade
O futuro que ainda escuta
Violas sem som
Calam cinzentas as muralhas de um louco
Almas surdas e secas invadem o campo
Onde se batalham as vontades
Poemas escritos, sons
Liberdade
Uma mistura fina de tudo isto
E agora para acabar, acaba tu.
Friday, April 30, 2010
A Terra que a Terra tem
Tem por dom ser farta em vida
Na terra que a terra tem rebenta a semente escondida
Na terra que a terra tem todos os mares se deleitam
Na terra que a terra tem as árvores todas se enfeitam
E nós somos andarilhos, feitos à parte noutro lado
Somos casas e sarilhos sobre um manto asfaltado
Cuspimos, investimos, construímos ninguém rejeita
Fechamos, intubamos em conjectura perfeita
A terra que a terra tem está aqui, em todo lado
A terra que a terra tem é mais que um circulo fechado
A terra que a terra tem
Tem por dom ser farta em vida
Minha, tua e vossa
É de todos, não de ninguém
A terra que a terra tem
Wednesday, April 28, 2010
Tuesday, April 20, 2010
Parece-me
O tempo prescreve que não o faça
E a luz tem-se confinado nas sombras,
As suaves pausas têm-se feito rogadas
E nas mãos não mora a calma de antigamente
Não sei mais distinguir a simples queda, do profundo abismo
Nem a conversão simbólica do dia pela noite
Valia mais pedir que os dias ceifassem o viço que resta aos movimentos
Ou que o vento simplesmente deixasse de soprar, deixando cair os aviões, os pássaros e as nuvens.
Mas não... não vale a pena parar... É tarde de mais para isso, parece-me...
Monday, March 15, 2010
Olhos Castanhos
Pós de ocre sem segredos,
Há dos grandes, dos pequenos
Dos simples, e com enredos
São esferas sinceras
Guardiãs da intimidade
Luzidias esperanças, quimeras
Fogo terno em fieldade
Estão a par, lado a lado
Em perene cumplicidade
Vagueiam à sorte, com vontade
Astutos halos da cidade
Dão vida aos locais, aos retratos
Às lojas e aos sabores
São presentes, nunca ausentes
Companhia nos amores
Thursday, February 25, 2010
Paris
Um afluente humano de veias viçosas
Um leito fino, imponente
Um verso próprio diferente
São as muralhas dos Deuses
E as tertúlias da carne a seus pés
Os púlpitos divinos e seu revés
As casas compostas de varandins, ensaiadas
As figuras depostas de seu trono aladas
E a força de uma pirâmide que guarda a plenitude
Da façanha à extravagancia, da desgraça e da virtude
São as linhas confusas alicerçadas com vaidade
Que servem de estaca, dorso e alma aos humores desta cidade
Paris, 21 de Fevereiro de 2010
Wednesday, February 03, 2010
Nunca é tarde para se Ter uma Infância Feliz
gerou-se um curto-circuito no canal telepático
e a caverna clandestina por detrás da cascata
onde os amantes se entregavam à eternidade
hoje não passa dum moderno armazém de sucata
Existem mil produtos para encher o vazio
criámos computadores para ampliar a memória
e todos nós temos disfarces para aumentar a confusão
só não sabemos como fazer o amor durar
o grande enigma continua a dar-nos cabo do coração
"Olá, a que horas parte o teu comboio?
O meu é às cinco e trinta e três
Aida falta um bocado,
queres contar-me a tua história?
Espera, deixa-me adivinhar,
vais recomeçar noutro lado...
Trazes escrito na bagagem
que a coisa aqui não deu...
Quanto a mim, também me sinto um pouco
desenraizado...
Também o amor se adapta às leis da economia
investe-se a curto prazo e reduz-se a energia
e quando o barco vai ao fundo ninguèm quer ser culpado
mas nunca é tarde para se ter uma infância feliz
o cavaleiro solitário ainda sonha acordado
AIÔ - AIÔ - AAAAAHHH!
Jorge Palma - 1985
Friday, January 29, 2010
Inventada Solidão
Ou da cidade que bebe este som
Não sei se é da vida que nos dá sustento
Ou da morte escassa em movimento
Hoje devia ter ido à praia ver as gaivotas. Sentar-me a olhar o mar, a ver os namorados a passear de mão dada e os pescadores. Não fui, pois não, bem sei...
Não há espaço que possa conter toda a solidão humana, nem tempo que possa delimitar os vértices das sua dimensão.
Hoje estive só. Nem sei bem porque é que estes pequenos actos se revelam tão inspiradores... Será porque alguém se lembrou de os incluir nos filmes desta forma?
Ou serão apenas as únicas partes em que julgamos ser nós próprios - "nós próprios" - deve representar o papel que desempenhamos durante a maior parte do tempo? Ou, por outro lado, será mais genuíno o tempo em que simplesmente representamos para nós próprios.
São os padrões que tornam esta abstracção impossível...
É triste e estranho constatar que agora, também há regras para se estar só. E elas estão lá, fazendo-nos companhia na nossa solidão.
Friday, December 18, 2009
O Nosso Amor
Essa verdade que é tão estranha
Essa ligação que é mais que o corpo
Essa empatia que é mais que a alma
É morto, é vivo, existente, permanente
É cúmplice nos trejeitos, nos olhares
É rio e afluentes, nossas lágrimas
E é teu nessa metade, meu nesta metade
E nosso naquele abraço
Saturday, December 05, 2009
Rotinas da Mente
O movimento tem-se repetido,e, um após outro, têm-se desfeito, consumido. O peso nos olhos é sempre contraposto com o facto naturalmente milagroso de estes continuarem a enxergar, sendo pois isto a mais derradeira prova de vida.
As sombras, constante e ultima companhia, erguem-se em noite de insónia ao sabor do isqueiro.
A mente está toldada, incapaz de discernir a realidade da realidade própria, e enquanto isso, no panorama social, as horas passam, minuto a minuto, na rotação esquizofrénica de biliões de relógios.
Escorre-se a ampulheta para mais uma batalha perdida. Desistir não faz parte do encanto, porque isso significaria adormecer.
Por fim os pés sossegam no vazio do divino, enquanto que, o tempo acelera mais do que o próprio corpo inerte.
É manhã, e cansado é hora de andar. O cérebro desperta para mais um queima-queima no campo de batalha civilizacional. Passo a passo, a escada andando sobre os pés rotineiros. Enquanto a luz invade a casa escura que por tanto tempo se abriu à escuridão.
Procura-se sob o tampo do tacho o resto do café de ontem à noite. Acção escorrega pela garganta desnuda e virgem. Do bolso do roupão velho saca-se um cigarro. Depois a água e o alivio do corpo quente e confuso. Mais uma vez se olham as horas, e se morre no sofá com todos os sentidos despertos.
Sunday, November 29, 2009
?
E o meu ser está diferente
O meu mundo é mais confuso
E a culpa é sempre de pensar
Pensar faz crescer, crescer traz saber
Saber traz querer não saber, querer não saber sabendo é morrer
Isto anda incerto, meio estranho
Não há prazos nem projectos
É ver os sonhos escondidos num baú
É ver a pele envelhecer, e os olhos a desbotar
É ser o certo lembrança remota
E é um tão grande ver, da humanidade a ficar mais longe
Haverá ainda um resto de chama no teu olhar?
E em ti? Garra para meter o mundo todo debaixo do braço?
Show must go on! after all...
Thursday, November 26, 2009
Já Foi Asssim... (Escuridão Jorge Palma)
P'ra outra enorme discussão
Tu dizes que agora é de vez
Fico a pensar nos porquês
Nós ambos temos opiniões
Fraquezas nos corações
As lágrimas cheias de sal
Não lavam o nosso mal
E eu só quero ver-te rir feliz
Dar cambalhotas no lençol
Mas torces o nariz e lá se vai o sol
Dizes vermelho, respondo azul
Se vou para norte, vais para sul
Mas tenho de te convencer
Que, às vezes, também posso...
Ter razão!
Também mereço ter razão
Vai por mim
Sou capaz de te mostrar a luz
E depois regressamos os dois
À escuridão
Se eu telefono, estás a falar
Ou pensas que é p'ra resmungar
Mas quando queres saber de mim
Transformas-te em querubim
Quero ir para a cama e tu queres sair
Se quero beijos, queres dormir
Se te apetece conversar
Estou numa de meditar
E tu só queres ver-me rir feliz
Dar cambalhotas no lençol
Mas torço o meu nariz e lá se vai o sol
Dizes que sou chato e rezingão
Se digo sim, tu dizes não
Como é que te vou convencer
Que, às vezes, também podes...
Ter razão!
Também mereces ter razão
Vai por mim
És capaz de me mostrar a luz
E depois regressamos os dois
À escuridão
Atenção!
Os dois podemos ter razão
Vai por mim
Há momentos em que se faz luz
E depois regressamos os dois
À escuridão
Tuesday, November 17, 2009
Uma espécie de fado...
Pela noite dentro já fomos tão sós
Um após outro ao cais se encostaram
Por serem da noite por ali ficaram
Foram aos olhos que as mãos nos levaram
Em dor e em pranto estenderam seu manto
E tanto escorreu que até o rio secou
Ele chora baixinho foi quanto bastou
Meu amor, sorriso primor
Vontade prosaica mas com seu esplendor
Corre-nos no peito o odor da saudade
Sustenta teu corpo, calor, liberdade
Seguindo no tempo a idade chegou
E em palavras parcas o sangue voltou
Enchendo de vida o peito e a cidade
Pois o meu amor dura mais que idade
Meu amor, sorriso primor
Vontade prosaica mas com seu esplendor
Corre-nos no peito o odor da saudade
Sustenta teu corpo, calor, liberdade
Wednesday, November 11, 2009
Trapézio
É uma viagem fulcral. Uma víscera mental. E é sempre estranho o momento em que sem se falar, sem se dizer, se constroem sólidos sentidos.
O render das defesas articuladas em esquemáticas manhas, o cumprir das vontades das historias das façanhas.
O mentir com clareza, astucia e satisfação. O pecado mortal na dança anárquica de uma mão.
4 lados conversando - esquerdo, direito, coração e alma. Todos juntos se anulando numa produção cimeira.
É coisa prós loucos reprimidos, para os que pensam fazendo o pino. É coisa de bradar em corrupio.
E é o limiar da vida... ponto alto onde se sublimam as questões humanas, e depois aquilo que as transcende, e logo aí, passando a acarretar consigo a morte.
Fica depois o seu amo à sorte!
titulo - Jorge Palma
Monday, November 09, 2009
Primavera amanhã
As folhas cobertas de sangue deslizam mortas
Vultos sonoros bafejam de fumo os limites do céu
O globo gira em ângulo mais frio
A rapariga linda dorme sobre a cama
Enquanto o sol, esgueirando-se pelas frinchas lhe tenta aquecer o corpo
Já passaram tantos anos, e tudo continua quase sempre igual
A rama, aquilo que está mais exposto, raramente muda
O dia-a-dia desta pequena vem sendo sempre o mesmo
Tal como o meu, tal como o teu e como o seu
São rotas previamente traçadas que inspiram as horas
Os dias estão escritos algures no chão, numa folha de papel amarela
Os olhos esses parecem sempre novos, vivos, reveladores do estranho mundo para lá do corpo.
Fim de tarde de Outono
Dormimos juntos de novo
Até ser Primavera amanhã
Saturday, October 31, 2009
Trilho
E é estranho, inquietante até, saber que saíste para o escuro.
Fechaste-me a asa pela ultima vez perdendo-te para lá das tuas fronteiras geográficas. Ao longo da janela correste, até onde a vista alcança. Morri sentado nesse repasto feito sofá a ver-te seguir... Morri e voltei a morrer até ser carne.
Ontem pela primeira vez voltei a abrir os olhos, e hoje pela ultima bombeei pelo meu corpo o fino fluido sanguíneo que lhe conferiu um verdadeiro espasmo para se erguer.
Da janela, dessa, só resta o tempo nu e as árvores podres que se curvaram respeitosamente à tua passagem.
Monday, October 26, 2009
Friday, October 23, 2009
Ainda não era manhã...
A noite tinha sido inquieta, devoradora.
O dia é mau concelheiro quanto aos pecados da noite.
Grita agitado, sem dó, com Luz!
Grita agitado, com pó, em cruz!
Ainda não era manhã, e já vinha impresso nos jornais:
Homem de negro encontrado morto no Rio!
No que restava da noite ele apenas se deitou sobre a cama
Depois de ter queimado a roupa que trazia.
Nu ficou, ansiando o feroz futuro, esperando a luz pálida esgueirar-se por entre as frinchas,
Da sua casa, do seu Corpo.
Tuesday, October 20, 2009
Vida?
Fogo escasso que a inflama.
A vida é um acaso,
Delimitado por dois actos.
É uma esperança efémera
Um desenho, uma quimera.
É um saber que tudo desconhece
É um pensar que apenas adivinha
É um pedaço de coisa nenhuma, sem verdade nem razão
É mera maldade, pura chacina, antro escasso em devoção.
E eu, sou só mais um peão, dentro desta precoce inquietação
Um par de olhos que não enxerga além da sua fronte
Sou as cinzas, o céu, e as estrelas
E, sendo tanto, não sou nada.
after Gran Torino
Wednesday, October 14, 2009
Blue Eyes Crying in the Rain - Oh yeah
Uma fraqueza sufocante que me rouba a firmeza dos punhos
Há um desprezo manhoso nos meus actos
E nem fumar sei, quando isso poderia ser a única salvação.
O punhal incomodo, e as costas contra a parede
As perseguições da mente... e as saudades de ser puto
Livre de honras e de ciumes, salvo de dádivas e de queixumes
A mente teima em apertar com a alma,
Enquanto o corpo paga as diligencias da batalha
Sob o olhar astuto e perverso dos camuflados estáticos
A Lua sorri, como ultima resposta aos meus pedidos,
Toca o Country caseiro na minha cabeça...
E esgueira-se um sorriso de guitarra ás costas
Esperando continuar este poema.
Thursday, October 08, 2009
Noc
Acordei só, talvez no verão, soprava um vento ameno e ao longe podia ouvir-se o cantar dos pássaros. Ergui-me com cuidado. Respirei fundo passando as mãos na cara.
Havia em mim um odor diferente e nas mãos uma presença doce, especial...
Do sonho eterno ficaram sob a cinza, as brasas que na lareira ardiam com o resto das lembranças que o tempo arguto teimou em apagar.
Wednesday, September 30, 2009
Dead Flowers
Well, when youre sitting there
In your silk upholstered chair
Talking to some rich folks that you know
Well I hope you wont see me
In my ragged company
You know I could never be alone
Take me down little susie, take me down
I know you think youre the queen of the underground
And you can send me dead flowers every morning
Send me dead flowers by the mail
Send me dead flowers to my wedding
And I wont forget to put roses on your grave
Well, when youre sitting back
In your rose pink cadillac
Making bets on kentucky derby day
Ill be in my basement room
With a needle and a spoon
And another girl to take my pain away
Take me down little susie, take me down
I know you think youre the queen of the underground
And you can send me dead flowers every morning
Send me dead flowers by the mail
Send me dead flowers to my wedding
And I wont forget to put roses on your grave
Take me down little susie, take me down
I know you think youre the queen of the underground
And you can send me dead flowers every morning
Send me dead flowers by the us mail
Say it with dead flowers at my wedding
And I wont forget to put roses on your grave
No I wont forget to put roses on your grave
Rolling Stones
__________##Tradução##________________________
Bem, Quando tu estás sentada aí
Na tua cadeira estofada
Conversando com algum
Sujeito rico que conheces
Bem, espero que não me vejas
Com a minha companhia esfarrapada
Bem, tu sabes que
Eu nunca conseguiria ficar só
Põe-me para baixo pequena Susie
Põe-me para baixo
Eu sei que tu pensas
Que és a rainha do submundo
E tu podes mandar-me flores mortas todas as manhãs
Mandar-me flores mortas pelo correio
Mandar-me flores mortas
Para o meu casamento
E eu não vou esquecer de colocar rosas
Sobre o teu túmulo
Bem, quando estás a repousar
No teu Cadillac cor-de-rosa
A fazer apostas
No dia do derbie de Kentucky
Ah, eu estarei na cave
Com uma agulha e uma colher
E com outra menina para aliviar minha dor
Põe-me para baixo pequena Susie
Põe-me para baixo
Eu sei que tu pensas
Que és a rainha do submundo
E tu podes mandar-me flores mortas todas as manhãs
Mandar-me flores mortas pelo correio
Mandar-me flores mortas
Para o meu casamento
E eu não vou esquecer de colocar rosas
Sobre o teu túmulo
Friday, September 25, 2009
No Meu Bairro
As ruas não são de pedra
E não há cafés nem pontos de conforto
As paredes são frias e os rostos todos iguais
Ninguém nos visita, e nós próprios só nos visitamos quando vamos dormir.
No meu bairro não há música nem historia
As convenções vigentes são as da rotina
O ar é quente, e escasseia a novidade
No meu bairro, não há crianças
Se as houver estão mortas ou escondidas
No meu bairro não há afectos nem raparigas bonitas
Não há jardins, nem cantos recônditos à beira de um lago
E por isso mesmo nunca se vê ninguém de mão dada
Conta-se que no meu bairro, a seiva da vida deixou de brotar
E que aqui morreu amor, algures no outono,
Na queda da ultima folha, no corte da ultima árvore...
No meu bairro faz falta, o Bairro do Amor.
Tuesday, September 22, 2009
Amarras
Há amarras a prender-nos a um cais deserto...
Mas há também a corrente, e a força da maré
Que conduzem sem sentido próprio o seu destino
E no encontro, na vez da continuidade, há a desculpa que se liberta
E as palavras que amarradas a um vazio, voltam puxadas à sua proveniência
Deixam sós os olhares, que, por segundos eternos se penetram na mais brilhante comoção.
Foto: Haleh Bryan
Monday, September 21, 2009
Derradeira Jornada
Rasguei a camisa suada, e com ela envolvi a cabeça
Esventrei uma ideia quente e esmaguei o alcatrão
Os frisados cabelos brancos sobre as costas
E a barba escorrida como máscara ;
O calor tomando forma, em tornados espectrais
E a mente destilando o seu cerne
As encostas cercando o Homem
E ele a dar-se à terra
Corpo com pó, suor com chuva
Pés com chão, alma com prâna
Atrás dele, como sombra, a morte, com seu bordão
À espreita, definitivamente pronta para ceifar
A sua derradeira jornada.
Sunday, September 13, 2009
Guarda pra ti!
Isto é coisa que vai e coisa que vem
É fruto proibido que a mente evita
É veneno letal que o corpo pede
Não devia ser e é, e volta a ser
Devia ser e não é, não vai calhar
É coisa de dar em doido, coisa da noite
É amor de acendalha, num lugar à parte
É dança é calor e que mais
E é "exacto" quando tudo o resto não o é
Agora engole em seco, e como sempre
Guarda pra ti!
Monday, September 07, 2009
Quem não supera fica, quem ultrapassa cresce...
O pó, atrevido, entrelaçando cada recanto mais maroto sem nem se expressar, aguardando apenas pela água que o leve de volta até ser chuva. A doce Wendsenady, vestida na sua pele rosada, alojando tão brilhantes pérolas a par, belas safiras azuis, seus olhos, seu trespassar de alma...
Que mais se pode querer, que mais se pode almejar... nada mais... nada mais, do que ter o dom, esse dom, de saber seus segredos através dos seus olhos...
Jantar, e as entranhas da carne saúdam os afiados dentes que sem pudor jazem, dilacerando as suas profundezas. O vinho quente, descendo, queimando a guelra, roubando o frio. A doce chama ardente, hipnotizante inferno que se faz ouvir nas entranhas da mente... esse fino estalar da madeira, na noite, o ressequir da vida em terno calor. E a envolvência exterior, esse abrigado tecto que nos separa da morte, esse estrelato de enfeitar que nos mente nos livros e nas prosas. De volta para dentro, e tão delicados são os frutos mortos empilhados na velha fruteira, tão farta de fruta, sentindo-se apertada no seu recorte procelanico delicado, guinchando até se estilhaçar em menos de nada. Esperando de novo ser consumida, forjada, fundida com a terra, até reaver sua forma.
É este o ciclo lunar, e são estes os estados, que permitem a alguns ser passeados, folheados; as portas, que se permitem abrir, descobrir. À nossa custa, às nossas pagas... Quem não supera fica, quem ultrapassa cresce.
Saturday, September 05, 2009
Foi tudo apagado, processado depois de rasgado
Abro os olhos, não há legado
A quem se reclama por não o ter deixado?
E lá no fundo afinal nem sei de nada
Quando o meu pensamento mora a milhas do meu corpo
E a minha voz em ecoa em distantes memórias
São delicados os meandros dos laços
Como o enturgecer dos seios de um ser feito fêmea
Quando por fim tocam o corpo em molde de centauro
A flora da vida à mercê de um punhal
E o ser ébrio em eufémica cremação
Uma efeméride celestial
Num abrir de asas petulante
Num rompante quebrador de condor
Em que um anjo arrasta sua sombra branca
Pelo quadro da noite
Que o escolta
Em branda e doce, calmaria.
Thursday, September 03, 2009
Riders on the storm
Espalhadas na mesa preta dos cigarros e da bebida
As espadas saltitantes de uma vontade incerta
As mãos carentes, rascunhadas
Num pedaço de papel em vai-vem
Tempestade revoltada de sol a sol
O mar a sul e já estou a perder o espírito
A vontade pequena dos olhos semi-abertos
As cores das mulheres, e os paladares das taças vazias
O fumo iluminado e denso do acalmar de uma tormenta
Um iluminismo pensado a cada grande suspiro
Delineando esguias caravelas de cinza
É esse o delicado tranze saboroso
O charme pesado da ponta de uma bota de couro castanho
O ranger da noite, passo a passo
Na ponta dos pés
O poder de um corpo
A sedução de um copo
Portas, escolhas, nuvens, consumição
Pé no fundo, aproximando o fim do túnel
Antecipando a luz
Regressando ao esconderijo, findo o abismo
Ansiando a penumbra